quinta-feira, 26 de março de 2015

Ser preta, padrão de beleza e relacionamentos

Oi geente, tudo bem?

 Comigo tá tudo certo (ou quase tudo, rs). Tô em uma fase da minha vida que estou gostando bastante.Durante a minha pré adolescência e adolescência passei por momentos muito difíceis, momentos de provação em que tive ser muito forte e seguir em frente da melhor maneira que eu pudesse.
 Mas sempre fui frustrada com certas coisas. Alguns daqueles momentos me pareceram ter como único propósito me colocar pra baixo e diminuir minha autoestima. E finalmente vejo propósito em muitas das coisas que me aconteceram, e fico feliz em saber que as experiências traumatizantes do passado hoje têm alguma utilidade.
 Muitas dessas experiências tiveram haver com relacionamentos. 
 Me lembro da primeira vez que um garoto se aproximou de mim. Ou tentou. Eu estava na escola e um amigo dele veio me dizer que ele queria ficar comigo, mas na minha cabeça haviam dois problemas: o tal amigo era o maior palhaço da turma, e  parecia não ter um coração. Além disso o tal garoto, apesar de não fazer o meu tipo, era o boy magia das minhas amigas e seria impossível ele se interessar logo por mim.
 Naquele momento um pensamento não saia da minha cabeça: ao meu ver ele era demais pra mim, muita areia pro meu caminhãozinho. E como sempre o amigo dele só estava fazendo mais uma piada, e dessa vez decidiu que eu seria o alvo.

 Eu consegui visualizar a cena em minha mente, eu dizendo que também tava afim, o palhaço apontando e a turma inteira rindo de mim.

 E até hoje não sei se fiz bem em dizer não. Não sei se realmente me protegi de virar chacota ou se me privei de um momento feliz e marcante. Mas fico feliz em imaginar que tomei a decisão certa. Depois desse primeiro contato (fail) minha autoestima ainda levou fortes golpes. Na verdade, a situação da qual eu teoricamente me protegi acabou acontecendo futuramente, mas de uma forma muito mais ridícula e de dimensão muito maior. E mesmo assim fui forte e segui adiante.  
 Durante minha adolescência acabei me tornando uma excelente ouvinte. As meninas sempre tinham histórias pra contar sobre os garotos que estavam conhecendo, e eu ou não tinha história, ou se tinha não era muito boa. E como aquilo me machucava.
 Não sei o que acontece. Acho que tenho um ímã interno que vive me aproximando de mulheres bonitas. Desde nova muitas de minhas colegas/amigas mais próximas têm uma beleza incomum: a beleza padrão. Algumas que são o padrão de beleza cuspido e escarrado, e outras que têm alguma coisa que as tornam diferentes, que deixa sua beleza exótica. E conviver com essas garotas pode acabar sendo difícil, afinal não havia ninguém que poderia entender as minhas histórias.
 Mas mesmo assim acredito que das experiências ruins tirei o maior proveito. Aprendi a me proteger. Parei de julgar pessoas pela aparência (mas ainda dá pra melhorar). Sou simpática, afinal já existem muitas pessoas hostis pelo mundo. E me vejo a frente de algumas pessoas que dão demasiado valor a aparência. Vi que as pessoas mais cruéis podem ser as mais "bonitas" (que fique claro: não necessariamente as mais bonitas são as mais cruéis).
 Hoje em dia meus relacionamentos vão indo (hahaha). Há algum tempo que finalmente tenho boas histórias pra contar.  Tenho o prazer de conhecer pessoas, que assim como eu, estão a frente de um padrão de beleza. Fico feliz em ver que, pra alguns, a beleza vai muito além da aparência.  Mas o que mais me deixa feliz é encontrar pessoas que eu teria medo de conversar por "saber" que iriam me intimidar, sendo lindas, simpáticas e verdadeiramente carinhosas. 
  E com vocês pretas? Qual é a história?
XOXO
Beijos da preta 
   Não deixe o mundo te abalar
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