segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

A HISTÓRIA DO MEU CABELO CRESPO

 "Quando a Ana Beatriz nasceu tinha cabelo em todo lugar. Na cabeça, na testa, nas orelhas... Era muito cabelo." 
 Esta é a frase que você irá escutar se perguntar à minha mãe sobre meus primeiros dias de vida. Pelos relatos que ela me dá, nasci com um cabelo com cachinhos bem definidos e fechadinhos.
Mas com cerca de 6 meses de vida meus cabelos cacheados começaram a cair, e a medida que nasciam novos fios, mais crespo eles estavam. E quanto mais crespo, maior a dificuldade de cuidar. Estava sempre desembaraçado, e sempre domado. Sempre preso, ou trançado.

Primeiro dia no prézinho.
 Para comemorações haviam várias saídas: trança raiz (nagô), preso pra cima, kanekalon, trancinhas soltas, rolinhos. Até que um dia veio da grande capital São Paulo, pra aquela cidadezinha do interior de Minas Gerais um produto revolucionário: alisante infantil. Cabelos lisos, sem choradeira ou sofrimento para pentear, mais praticidade no dia a dia de uma mãe que cuidava de dois filhos, trabalhava fora, e com o marido sempre viajando a trabalho.
Não culpo minha mãe, quando não há informações sobre cuidados e tanto trabalho a ser feito, é normal recorremos às medidas cabíveis.
Aos sete anos de idade, já se passavam dois anos desde o primeiro alisamento.
 Cresci ouvindo de algumas bocas que meu cabelo natural era ruim, era duro, serviria apenas pra lavar panelas. E diferentemente de muitas garotas, era apaixonada por cabelos cacheados e crespos. Achava lindo. Mas não conhecia meu cabelo e conhecia cabelos crespos mau cuidados, sempre quebrados, com aspecto de sujo, nada bonito. E esse era o cabelo que eu acreditava que tinha, pois era o que eu ouvia.
Os anos se passavam, eu crescia vaidosa. O processo de relaxamento era extremamente doloroso. Meu couro cabeludo sensível sempre ardia, queimava, cresciam caroços, a cabeça coçava, meu cabelo mau crescia mas quebrava sempre que chegava aos ombros. Contudo era um sofrimento necessário. Meu cabelo natural era impossível.
Aos 15 anos, apesar de mais vaidosa, me importava menos com as opiniões alheias. A preguiça da escova e chapinha era maior que minha vontade de ter os cabelos domados.


 Aos 17 anos, quando amigos descobriram que eu relaxava o cabelo e brigaram comigo, foi a primeira vez que me surgiu a duvida: "como será meu cabelo naturalmente?" Eu nunca havia parado pra pensar realmente, não podia me lembrar de como era e estava cansada de relaxamentos. Decidi parar de alisar, e vi crescer um lindo cabelo. Mas ai surgiram as criticas: "seu cabelo fica bem com volume, mas a raiz tá muito grande, alisa isso!". E sem pensar e mais uma vez, sem informações, após 6 meses sem química relaxei novamente. Três meses depois, repeti o procedimento, mas dessa vez com  um resultado não tão feliz tive um corte químico.
A situação do cabelo da nega...
  Dez dias depois descobri no YouTube a transição capilar. Ainda me lembro do primeiro vídeo assistido: canal Afro Resenhas, o cabelo mais lindo do universo. E depois de tanta frustração, tanta dor, tanta preguiça, decidi para de alisar permanentemente e conhecer meu cabelo natural.Foi um ano em transição nada sofrida (o cabelo tava ruim, muito ruim, nem sofri com as duas texturas). Durante a transição fazia diferentes cortes de cabelo, usei tranças, aproveitei cada mês.

Fases de transição capilar.

 E após 13 meses de muita espera e ansiedade, cortei meu cabelo. Retirei toda química. Aquela sensação de liberdade tão falada não chegou momentaneamente e meu pavor por tesoura também não (um alívio). Mas me sentia diferente. Hoje, um ano e quatro meses após o corte compreendo a sensação de liberdade. Entendo o verdadeiro sentido de uma transição capilar. E ainda tenho muito a aprender sobre as imensas consequências de um "simples" relaxamento.

Grande Corte e um ano depois.
 Estou em uma fase de descoberta de identidade e de aprendizado. Espero poder passar a mais alguém todo o conhecimento adquirido.
Beijos da Nega!
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3 comentários:

  1. Nossa Bia, foi uma caminhada e tanto né? Mas deixa o cabelo assim viu? Ta lindo demais, eu amei.
    Beijos
    www.hitsdomomento.com

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  2. Nossa Bia, foi uma caminhada e tanto né? Mas deixa o cabelo assim viu? Ta lindo demais, eu amei.
    Beijos
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